Tudo começou num dia claro de céu azul. Tão azul que debochava da cor dos olhos dela.
Sem nuvens, ventilado, fresco, quente mas agradável. Perfeito para uma praia, sabe?
E lá estava ela, sentada na mureta da avenida que ía de uma ponta a outra da praia de sua cidade. Como chamam mesmo? Avenida Litorânea, certo? Beira-Mar? Pois é.
Ela levava uma rosa nas mãos - a cor realmente não importa. Os pés sujos de terra, com a calça jeans dobrada até o joelho, balançavam na pedra fria e escura que fora usada para construir aquele mínimo de civilização num antro da natureza. E quem disse que ela reclamava? Se era um antro de perdição, como diria sua avó, ela adorava sacanagem. Adorava ficar ali sem ter o fazer, fazendo o mundo inteiro sentir inveja de sua falta de compromisso. Seu único compromisso era com a felicidade.
O céu debochava, sorria. Ela sorria de volta e olhava o mar verde quebrar sobre a areia branca e fina.
Ela se perguntava se a praia era tão bonita em outros lugares como costumava ser ali. Se não fosse, uma pena para os outros lugares.
O vento derrepente derrubou da mão dela, derrubou na calçada, uma pétala apenas da rosa. O vento levou essa pétala para algum outro lugar. Algum lugar muito longe, imaginava ela.
Ela não se importou, ela se sentia completa.