quarta-feira, 29 de abril de 2009

Mudança ou não. (o arquiteto desmorona uma construção)

Estou na seguinte punheta mental:

Nunca mudamos de verdade, nem planejando. A gente pensa que mudou, mas somos sempre os mesmos. Não falo de mudanças a longo prazo, pois elas acontecem por serem evoluções, estágios, processos. Falo de mudança imediatas. E digo que não mudamos, que somos sempre o mesmo por que o que somos em seguida é apenas o que somos agora com mais um minúsculo, inotável e insignificante elemento.
Até mesmo por que a questão não é acreditar. Eu acredito. E desejo! Muito!
Mas ela, a mudança imediata, não existe. São evoluções que acontecem, mais rápidas ou mais devagar, mas são sempre evoluções...


Quando me surpreendo com a seguinte réplica:

"Não senhor... Eu mudei muito. Muito mesmo! Dá sim, coloca na cabeça que dá. Coloque na sua cabeça e faça! Acredite e realize! Você tem muitas afirmações. Você não tem verdade. Ninguém tem verdade, então seja flexivel: veja o que é melhor e faça. Só que não adianta esperar pelos outros ou esperar cair do céu."

É... Não adianta esperar que a mudança aconteça. Ela existe, cabe a nós correr atrás.

Masquerade!



Não existem rostos, apenas máscaras e mais máscaras. Algumas mais perfeitas, outras imperfeitas e outras escolhemos de acordo com a conveniência.
É o que diz Masquearade, de The Phantom of the Opera(a música mais realista, por sinal): "esconda seu rosto, então o mundo nunca o encontrará".

"Nunca o encontrará". Eis a meta. Máscaras são feitas para esconder um verdadeiro eu que - com sinceridade? - não me é crível.

Não é mentira: Rostos não existem. Máscaras escondem qualquer coisa menos rostos, acho até que o oposto deles, não-faces abstratas ou anti-rostos. Nada realmente concreto, palpável, existente. Máscaras são para esconder vazios - existenciais, presenciais, da personalidade. Aliás, que personalidade? Se o mundo não passa de atitudes pouco-criativas, nunca inéditas, jamais originais, copiadas sim, repetidas sim, fruto de um aprendizado. A-PREN-DI-ZA-DO. Ou seja, alguém te ensinou a fazer o que você faz justo agora, comer, andar, escrever, pensar, amar, odiar, ignorar, foi o mundo que te ensinou. Alguém de ensinou a sentir e a repetir e encenar as sensações, como máquinas, e as demonstrações de sentimento, como máscaras!

"Masquerade!
Every face a different shade ..
Masquerade!
Look around -
There's another mask behind you!"

segunda-feira, 20 de abril de 2009

A-M-O-R



Eu gosto da superficiliadade das cartas de amor, da falsidade das músicas de amor. Jamais serão verdadeiras músicas de amor pois se vendem por algo mais que o amor verdadeiro. Mas eu gosto, eu compro. Te amo, te quiero, je t'aime, i love you, ti amo, aishiteru, wo ai ni. É tudo tão lindo e tão superficial que fico maravilhado. O amor não tem mesmo que ser profundo. Viva as palavras da boca pra fora. Viva as declarações na primeira noite. Viva o sexo sem compromisso. Viva o amor multifacetado. Viva a diversidade. Viva a originalidade e a falta dela também. Viva a paz. Viva o amor, seja ele de que forma for.

Valentina

Valentina saiu correndo pelo corredor com os cabelos presos em um belo e frágil coque. Chegando ao fim das paredes paralelas, onde um raio de sol vinha pela esquerda, iluminando sua face moreno-âmbar, virou para trás e soltou um sorriso que poderia ser descrito do meigo ao profano por qualquer padre ou pecador. Deixou cair um pedaço de seda bege que brincava entre os dedos e saiu correndo.
Não segui-la, não ser completamente submisso eram as única opções absolutamente impossíveis de cogitar.
Oscilaram os pés deste que vos relata, numa tentativa de seguir minhas vontades e manter-me longe da pecaminosa Valentina. Trôpego, tentou as minhas pernas dar um passo a frente e outro atrás, ao mesmo tempo. Encostei-me na parede do corredor para não desabar no chão, enquanto fitava o lenço que desejava amaldiçoar, sem forças de fazê-lo.
Balbuciei seu nome tão baixo que nem minha alma poderia ouvir qualquer fonema da minha voz:
- Va. Len. Ti. Na.
A razão então tomou conta de mim. Valentina é tão proibida que jamais poderá ser minha...

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